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Desfoca-te

Uma das minhas grandes inquietudes é a vontade de descobrir uma forma de fugir ao pensamento reto, racional, puramente mental que nos domina - tão grandemente -  no tempo em que agora vivemos. Somos hiper-estimulados, somos e estamos hiper-informados embora, na verdade, acredito, desconheçamos o sentido de profundidade da maior parte das informações que nos chegam. 
Como é que, então, reavivo o corpo, para o sentir nas suas emoções, para encontrar tempos de descoberta da profundidade, no meio desta vasta panóplia de solicitações, luzes, ecrãs, atividades sem fim, vontades de perfeição e vontades de chegar a tudo e mais alguma coisa?

Como é que me desfoco de todos estes estímulos para voltar a mim, ao momento de simples êxtase da chuva que me cai no rosto e que me traz, de novo, ideias que [nem sei quando foram] escondidas? 
No fundo, procurar o que me tire [ou desvie o olhar] do caminho para o poder voltar a calcorrear.

E é à divergência que quero chegar, quero-me dobrar para diversos lados, quero ir à diversidade de experiências no corpo, dentro e fora do caminho por onde me movo, à redescoberta do que é ter um corpo, habitado por vários corpos, para que o fluxo criativo, esse "dar vida", flua efetivamente. 

Por isso, Desfoca-te é um programa -  no sentido de desígnio, intenção e não numa acepção escolástica, composto por várias partes que vão surgindo e, quem sabe, coabitando.

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